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Aspectos Qualitativos

Recursos Hídricos Superficiais

 

A qualidade das águas superficiais é um fator que determina a disponibilidade da água para diversos usos, tais como consumo humano, recreação, abastecimento industrial e irrigação. Observa-se que o uso e a ocupação do solo se constitui no principal fator de interferência na qualidade da água, devido ao impacto direto no escoamento superficial e na cobertura vegetal.

Pode-se observar que as ações antrópicas são os principais fatores que contribuem para poluição das águas com os lançamentos de efuentes não tratados e o uso de agrotóxicos e fertilizantes, respectivamente. Na Figura 1 evidencia-se a localização destas atividades e no espaço territorial do Estado.

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Figura 1 – Uso e ocupação do solo e hidrografia de Sergipe. Fonte: MAPBIOMAS (2019)

Além disso, outro fator que interfere no uso das águas é a salinidade, observada em regiões onde ocorre a presença de rochas cristalinas, visto que nestas áreas do Estado, as águas subterrâneas que alimentam os mananciais superficiais possuem elevada quantidade de sais. Na região semiárida tal aspecto é influenciado também pelo regime de chuvas irregulares, elevadas temperaturas e altas taxas de evaporação. Na porção litorânea observa-se a influência do regime de marés, contribuindo para a salinização dos corpos d’água.

Diante do exposto, as condições naturais, bem como as antrópicas, de forma individual ou combinada, são cruciais para avaliação da qualidade da água. À vista disso, o estado de Sergipe realiza o monitoramento através de índices, sendo eles: Índice de Qualidade de Água (IQA), Índice de Estado Trófico (IET) e a Classificação de Águas para Irrigação. A seguir, apresenta-se os conceitos básicos.

Índice de Qualidade da Água – IQA

Criado em 1970 pela National Sanitation Foundation dos Estados Unidos, e adaptado pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), tal índice possibilita a avaliação da qualidade da água, visando seu uso para o abastecimento público após tratamento (CETESB, 2021).

Os nove parâmetros utilizados para o cálculo são, em sua maioria, indicadores de contaminação causadas pelos lançamentos de esgoto doméstico, sendo eles: Oxigênio Dissolvido (OD), Coliformes Termotolerantes, pH, Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO5,20), Temperatura, Nitrogênio Total, Turbidez e Resíduo Total (CETESB, 2021).

A partir do cálculo do IQA efetuado, é possível determinar a classe da qualidade das águas brutas (Tabela 1).

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Tabela 1 – Escala de valores de IQA e respectiva classificação.

Índice de Estado Trófico – IET

Proposto por Carlson (1997) e modificado por Lamparelli (2004), tem por finalidade classificar os corpos d’água em diferentes graus de trofia.

Os parâmetros utilizados no cálculo são Fósforo (nutriente que atua como agente causador do processo de eutrofização) e Clorofila a (resposta ao agente causador do processo de eutrofização).

A partir do cálculo do IET efetuado, é possível determinar a classe do estado trófico e suas características principais (Tabela 2).

Tabela 2 – Escala de valores de IET e respectiva classificação e características

Classificação de Água para Irrigação

A irrigação constitui uma técnica que proporciona alcançar aumento da produção, em complementação às demais práticas agrícolas. No entanto, os sais de Cálcio (Ca²+), Magnésio (Mg²+), Sódio (Na+) entre outros, contidos nas águas subterrâneas e superficiais para irrigação têm efeito nas características físicas e químicas dos solos. Dependendo da concentração destes sais, têm influência na capacidade produtiva do solo e do sistema de irrigação. O problema é maior, com prejuízos à agricultura, quando estes sais se concentram na região de desenvolvimento do sistema radicular das plantas.

A Razão de Adsorção de Sódio (RAS) tradicional proposta por RICHARDS (1954), denota a proporção relativa em que se encontra o Na+ em relação com o Ca²+ e o Mg²+, sendo definida pela equação:

Quando há predominância do Na+, induzirá troca de Ca²+ e Mg²+ pelo sódio nos solos, o que pode conduzir à degradação dos mesmos.

Para Classificação de Água para Irrigação foi utilizada a metodologia proposta por RICHARDS (1954), no qual baseia-se na RAS tradicional, como indicador de alcalinização ou sodificação do solo e a Condutividade Elétrica (CE) como indicadora do perigo de salinização.

Dessa forma, através do diagrama para classificação de águas para irrigação (Figura 2) que relaciona esses indicadores, é possível dividir as águas em quatro classes através da CE (Tabela 3) e em outras quatro pela RAS (Tabela 4), que combinadas podem representar até dezesseis condições para uso na irrigação.

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Figura 2 – Diagrama para classificação de águas para irrigação (RICHARDS, 1954)

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Tabela 3 – Classificação de água para irrigação quanto à Condutividade

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Tabela 4 – Classificação de água para irrigação quanto ao teor de sódio

No item deste documento relativo à A Situação Atual – Recursos Hídricos Superficiais encontra-se a classificação dos principais mananciais superficiais das bacias hidrográficas do Estado considerando-se os valores de IQA e IET ao longo de 2022.

,Recursos Hídricos Subterrâneos

 

A qualidade das águas subterrâneas está diretamente associada a fatores ligados ao clima e às propriedades hidrodinâmicas dos aquíferos, que por sua vez estão relacionadas ao tipo de rocha.

Dessa forma, podemos inferir que as rochas cristalinas, geralmente pouco fraturadas, existentes na região Semiárida do Estado, apresentam elevados teores de sais. Já as rochas sedimentares e sedimentos porosos presentes próximo ao litoral, com elevados índices pluviométricos e uma boa renovação de suas águas subterrâneas, apresentam uma boa qualidade.

Essa simplificação, como toda síntese, está sujeita à exceções. Assim, em regiões de rochas cristalinas muito fraturadas, na região do Agreste (município de Itabaiana), a qualidade das águas subterrâneas contém teores de sais aceitáveis para a maioria dos usos e apresentam boas vazões. Já nos aquíferos granulares (rochas sedimentares e sedimentos) existentes próximo ao litoral ocorrem elevados teores de ferro, que podem exigir tratamento para que suas águas sejam utilizadas no abastecimento público e consumo humano. As águas subterrâneas acumuladas em rochas calcárias, geralmente ricas em carbonato e magnésio, apresentam alguma restrição para usos específicos (refrigeração, abastecimento público etc.), pois são classificadas como águas duras (teores dos cátions cálcio e magnésio acima de 150 mg/L).

Salientamos ainda, que a qualidade das águas subterrâneas podem variar sazonalmente e alterar na medida em que haja uma maior explotação/renovação do aquífero.

A Figura 2 representa os teores dos sólidos totais dissolvidos das águas subterrâneas coletadas a partir de 2.141 poços tubulares profundos perfurados ao longo dos anos em Sergipe.

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Figura 2 – Qualidade das águas subterrâneas – Sólidos Totais Dissolvidos (mg/L)

Fonte: Atlas Digital sobre os Recursos Hídricos de Sergipe (2022)

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